Sobre mim e outros assuntos...

O homem que se isola torna-se escravo da sua falta de comunicação.Quando passa horas sentado na frente de um computador,esquece como é relacionar-se com um ser que fala,ouve e,principalmente,sente.Então,na hora de desligar o computador e voltar para o mundo real,já perdeu sua capacidade de comunicação sensorial,tornou-se escravo de seu isolamento.

Tuesday, February 28, 2006

Conivência com o errado



Este semestre tive o desprazer parcial de conhecer uma figura bastante notável dentro do corpo cirúrgico da SCM. Digo parcial desprazer, por que se, por um lado, achei-o convenientemente defensor do silêncio às iatrogenias, por outro vi nele um bom cirurgião, um profissional que,até onde minha vista alcança ,é sabedor do que faz. No entanto, afligi-me quando sua pregação pró silenciadora dos erros médicos se fez bastante convicta;um cirurgião com tanto tempo de estrada que simplesmente oculta os erros médicos de seus colegas em favor da imagem de uma medicina inabalável,irrefutavelmente sem falhas.Fiquei pensando até que ponto essa reação seria corporativismo saudável e em que estado se tornaria mera convenção de quem é conivente com os erros perimetrais a sua pessoa esperando de certa forma a mesma reação para com seus erros.Pensei comigo se realmente não seria mais justo fazer com que as pessoas paracem de nos ver como infalíveis e pudessem optar sobre se querem ou não correr o risco de uma cirurgia ou de um tratamento idealizado,pensado e planejado por homens e mulheres que realmente estudam muito para chegar ao mais próximo do ideal,mas que por mais que se esforcem ainda falham,não possuem a infalibilidade divina.Pensei comigo que se Deus que é Deus respeita nosso livre arbítrio por que nós ,reles mortais ,passaríamos por cima dessa liberdade de decisão que todos os pacientes possuem ainda que não saibam disso?Então, também pensei nas quantas vezes que nos vemos sem saída, sem saber que decisão tomar e tentados a decidir por quem não compreende a real situação de sua doença. Analisando isso, pensei nas juntas médicas, na humildade do perguntar,do dizer que ainda não sabe,do procurar explicar,do procurar ser justo,do não ceder ao fechar os olhos e seguir enfrente no que temos dúvida se dará certo.
A medicina não é exata. Que credibilidade merece um profissional que mente e confessa em tom de vanglória que mente para as famílias de seus pacientes com a desculpa de quer evitar maiores problemas,quando na verdade só está empurrando para debaixo do tapete o que toda sociedade já está descobrindo há tempos:”os médicos não são de confiança”.Generalizações à parte,nosso público alvo tem razão.Nem sempre há como esconder o erro.
Não é sendo nós coniventes com as iatrogenias que estaremos fazendo da medicina um porto seguro. A transparência com sabedoria é o melhor caminho.saber relacionar-se com o paciente e com sua família de forma que eles não nos olhem como seres acima do certo e do errado,mas como pessoas preparadas para fazer o que de melhor for possível, pessoas batalhadoras,humanas,humildes,pessoas que têm em suas mentes o Primun non nocere.

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