Sobre mim e outros assuntos...

O homem que se isola torna-se escravo da sua falta de comunicação.Quando passa horas sentado na frente de um computador,esquece como é relacionar-se com um ser que fala,ouve e,principalmente,sente.Então,na hora de desligar o computador e voltar para o mundo real,já perdeu sua capacidade de comunicação sensorial,tornou-se escravo de seu isolamento.

Tuesday, February 28, 2006

Nos quartéis lhes ensinam


"Nos quatéis lhes ensinam uma antiga lição: a de morrer pela pátria e viver sem razão".Este trechinho é da famosa música de Geraldo Vandré,sim,vcs lembram,né?Pois é,os ensinados aqui eram os militares,os soldados que lutavam em prol da ditadura militar.O morrer pela pátria era o morrer por coisa nenhuma,por algo que lhes era imposto sem grandes explicações,pelo ideal ditatorial.Comparo esta luta em vão com a luta enfrentada por nós acadêmicos de medicina.Na faculdade nos ensinam a morrer pela pátria,morrer pela medicina.Uma pregação obviamente implícita quando nos dizem que teremos que enfrentar os plantões massacrantes de 12,24, 36 e 48 horas sem dormir,sem titubear,sem errar,sem se alimentar saudavelmente,sem falhar,sem se negar,sem denunciar os que seguem os fins justificam os meios,sem sentir as pernas pesarem,sem sentir os olhos fecharem sozinhos,sem se irritar,sem se revoltar contra esta tradição amaldiçoadora,sem dizer:cansamos.Mas o que fazer se a ditadura é esta e há quem se glorie dela?Passar a graduação e as pós-graduações engolindo isto?Sem ver mudanças,sem sentir que nossa profissão se deteriora por sermos soldados ,pau -mandados, e apenas repetidores das regras que nos são impostas?
É temerária esta nossa decisão.Por que só alguns reclamam,por que as mudanças se arrastam como lesmas paralíticas?Será que mais tarde não descobriremos que vivemos sem razão?Será que mais tarde não olharemos para trás e pensaremos que só nosso consultorizinho no Batel não é o suficiente para fazermos a diferença?
Nossa sociedade espera mais de nós.Um profissional consciente de suas limitações,mas disposto a sonhar alto,a sonhar ser mais que um profissional liberal bem remunerado e nada atuante em nivel de saúde pública.Não sou a favor da exploração acadêmica ou mesmo dos salários baixos de quem vive cara a cara com comunidades paupérrimas,muitas vezes dando o próprio sangue sem ver diferença alguma;por que por um lado se trabalha genuinamente e por outro se explora descaradamente.
E quando a bronca estoura,adivinha para o lado de quem é que vão os destroços?Para "aquele filho da puta daquele médico que não quis me atender!".Será que ele não quis atender ou não tinha como atender?Que existem verdadeiros filhos da mãe dizendo-se médicos pora aí,não tenho dúvida,mas posso dizer com certa desconfiança que tenho esperanças que não sejam eles a maioria.

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