Sobre mim e outros assuntos...

O homem que se isola torna-se escravo da sua falta de comunicação.Quando passa horas sentado na frente de um computador,esquece como é relacionar-se com um ser que fala,ouve e,principalmente,sente.Então,na hora de desligar o computador e voltar para o mundo real,já perdeu sua capacidade de comunicação sensorial,tornou-se escravo de seu isolamento.

Thursday, March 22, 2007

Formatura do mano...RENAN

Internato-fase 1_Clínica Cirúrgica


Internato:fase difícil que traz a alegria da proximidade do fim e a angústia sobre o que ainda falta.Ao chegar nessa fase a pergunta é:o que se aprendeu?Fica-se atônito diante de tantos questionamentos sobre aquilo que se devia saber,mas não se sabe.Culpa do aluno irresponsável que não estudou ou culpa de uma instituição que brinca de ensinar? Bons professores ,sem dúvidas,alguns poucos,pouquiíssimos,tivemos.Mas na grande maior parte de nossa gradução passamos pela aflição dos questionamentos sem respostas ou se quer direcionamento para à procura de nossas perguntas. Aflição,indignação,culpa,remorso,medo,insegurança,raiva,frustração...palavras que expressam sentimentos constantes em minha vida acadêmica. Aflição por não encontrar saída,amparo;medo de não conseguir realizar um sonho;remorso por mtas vezes achar que não estou fazendo o máximo;insegurança pela plena certeza de que não sei tudo que se espera que eu saiba;raiva por estar inserida num contexto de educação obsoleto,doente,em fase terminal;raiva por fazer parte de um sistema sujo que não prioriza a vida;indignação por ser uma voz surda em meio a tanta ignorância;frustração por não ter mais como voltar e seguir se tornou pesado e asfixiante. Às vezes tenho bons pensamentos a respeito deste fim,mas na grande maioria das vezes me pego de testa franzida,preocupada com o que será depois deste fim.Será tudo por minha conta...mas será que isso é mesmo novidade ou sempre foi por minha conta e risco? Quantas vezes me vi sentada assistindo uma aula mal e porcamente dada,quantas vezes fiquei em pé ouvindo divagações de um profissional que adora falar de si e se esquece de ensinar,quantos foram os minutos perdidos esperando "os doutores" chegarem para fazerem "o favor" de compartilhar uma miséria de seus vastos conhecimentos,quantas vezes me vi procurando em meus colegas o olhar de um que estivesse entendendo exatamente o que se estava propondo?


Os senhores doutores,desde o início,falam conosco como se fossemos expertes em medicina ,é como se tudo fosse óbvio. Óbvia mesmo tem sido nossa exploração pelos futuros colegas.Instrumentar cirurgia durante 12 horas,não conseguir ver nada, e só ser notado presente quando se passa uma pinça errada é mesmo ,no mínimo,humilhante.Passar horas de um lado para o outro num ambulatório lotado preenchendo ficha e correndo atrás de um carimbo,tendo que ouvir reclamação de um paciente de saco cheio com o SUS,é mesmo o fim da picada.Aguentar residentes mal-educados e doutores seniors pitizando sem que a culpa por suas desventuras seja nossa,é o cúmulo.Mas o pior mesmo é pagar pra passar por isso e não poder reiveindicar sem ser taxado de traidor da classe ou ameaçado pela repercussão que um questionamento pode ter em sua aprovação. Que me perdoem as autoridades que priorizam jogar para debaixo do tapete as deficiências em prol da boa imagem institucional,mas é impossível engolir quando se passou 5 anos em disfagia progressiva devido a um tumor que nos consome as esperanças e mina as expectativas de melhora
.