Tristeza

Hoje estava revendo fotos. Fotos de um tempo que não volta mais. Ando triste pensando sobre como vou sobreviver sem amizades. Decepcionei-me tanto que não consigo me ver mais amiga de alguém.

Eu achava que os momentos que se vivem entre amigos são eternos e valem mais,muito mais, que palavras mal ditas em momentos errados.

Achava que amigos sempre são perdoáveis e que amigos de verdade sempre escutam o que o amigo tem a dizer por mais que doa ou venha agredir.

Achava que momentos preciosos vividos valiam muito e serviam de ajuda quando o coração estivesse ferido e eu não quisesse perdoar: Repensaria,viveria tudo de novo e relevaria. Sim,eu sou capaz disso,mas a recíproca não foi verdadeira. Talvez,como dizem alguns,fosse por que genuinamente não existisse amizade.

Talvez amiga eu até consiga ser,mas daí ter uma amiga(o)...não sei,acho que não posso mais. Não acredito mais nas pessoas como acreditava antes.

Dá tristeza não ter com quem compartilhar coisas que amigos compartilham. Dá tristeza não ter com quem tomar um café,não poder convidar alguém pra bater papo ou ir até a minha casa. Tenho uma vontade grande,às vezes, de amar de novo,fazer de novo amizades,dedicar-me de novo às pessoas,procurando-as fazer felizes. Assim eu era feliz.

Em um primeiro tempo de minha mocidade tinha a crença nas amizades,depois perdi essa crença e a retomei em minha segunda juventude,vindo-a perder novamente agora.

È com uma tristeza gigante que preciso escrever o que sinto ,pois queixar-me novamente ao meu esposo ou à minha mão/pai é demasiado cansativo para eles.

Por mais que eles sejam meus amigos,nem sempre posso contar com eles.

Oro,oro sempre e estou orando agora,mas sinto que faltam braços de Deus para me abraçar. E eu que tantas vezes quis e fui o braço Dele para abraçar àqueles por quem fui rejeitada.

Olho para os lados e não encontro mais todos aqueles que freqüentavam a minha casa. Não encontro mais os rostos que coloriam meu quadro de fotos. Não vejo mais aqueles aos quais acolhi quando não tinham amigos ou grupos em que se enquadrassem. Não vejo mais aquelas pessoas que quando precisaram de mim encontraram-me lá ao lado. Não os vejo. Só vejo um distanciamento sem fim.

Encontro gente que foge da minha presença e eu fujo da deles por que não quero sentir dor,mais dor do que já sinto.

Olhava as fotos hoje,dezenas delas, e pensava comigo:será que eu não merecia ter sido ouvida,senão naquele momento,no momento de agora? Será que toda amizade vivida não contou nada? Será que me enganei tanto com aquelas pessoas?

A prova de que me enganei fica clara a cada dia no silêncio da indiferença.

Ouvia estes dias de um colega,candidato a amigo, “bixú...” dizia ele: “ Bixú,você não deve ficar mais pensando nessas pessoas,supera,bixú,supera. Você fez o que devia ter feito,pediu desculpas,até perdão,coisa que você nem precisava ter feito. Agora ,supera.”

Pois é ,caro colega,não é tão simples assim. Dói no fundo do peito,uma dor bem amarga,bem doída,quase silente,mas bem perceptível. Dói ser chamado de egoísta,insensível e mau caráter por gente que levava a mão no mesmo prato que eu. Que comia da minha melhor comida,que vivia os meus melhores momentos.

Gostaria mesmo de superar tudo isso. Se hoje eles pedissem para serem ouvidos por mim,eu os ouviria e perdoaria se houvesse um pedido de perdão. Mas não posso esperar que o pedido venha,tenho apenas que perdoar de coração sincero. E é de coração sincero que oro ao Pai pedindo que me ajude a perdoar e amar como Ele ama,pois só desta forma vou poder continuar minha caminhada em paz. Creio que Deus tem me ouvido e que vou conseguir,mas,às vezes,dá um desespero...não quero ferir meu Pai,mas sei que já O estou ferindo. Ele conhece meu coração melhor que eu: “desesperadamente corrupto que o conhecerá?”.

Pai,sei que tudo sabes de mim e quando olhas meu coração tudo Tu podes ver bem dentro de mim,ajuda-me a ser diferente,a superar e a reaprender a viver sozinha. Preciso estar só,acho que só com acontecimento muito maravilhoso eu desistiria desta minha idéia de solidão. As pessoas são más e invejosas e muitas não me amam,mas me odeiam.

Quero dedicar-me aos não cristãos,pois estes,se pisarem em meu pescoço não vão me estar causando surpresa e espanto nem tristeza do profundo da alma. São diferentes,não têm a Cristo,não se parecem com Ele,nem conhecem os seus princípios. É de se esperar que ajam como foram educados a agir. Preciso de discernimento divino. Ajuda-me Pai.

Raquel